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Moldura para o azul

Suspensa sobre uma encosta e protegida pelo verde da mata nativa, esta casa de 40 anos no Guarujá acaba de ficar mais aberta e iluminada. O projeto original, de Ricardo Caruana, foi renovado pelo arquiteto Felipe Carolo

TEXTO CAROL SCOLFORO PRODUÇÃO MANU FIGUEIREDO FOTOS RUY TEIXEIRA/DIVULGAÇÃO

O arquiteto Felipe Carolo renova uma construção de 40 anos no Guarujá, SP, suspensa sobre uma encosta e protegida pela mata nativa

Acima do mar aberto, a casa de 560 m², erguida na década de 1980, parece flutuar entre a calmaria e a fúria dos ventos. Suspensa numa encosta por toras de madeira, abraçada por árvores nativas da Mata Atlântica, a construção situada em um condomínio no Guarujá, litoral sul de São Paulo, desafia o tempo. As chaves só chegaram às mãos da moradora atual após ela garantir ao último proprietário que faria as atualizações necessárias sem descaracterizar o projeto original de Ricardo Caruana – um especialista em elaboradas estruturas de madeira.

Depois de oito anos sem uso, os ambientes mostravam os sinais da maresia, que havia corroído tecidos e outros revestimentos. A princípio, a nova habitante imaginou uma renovação superficial. No entanto, ao ver a proposta de Felipe Carolo para abrir a fachada e, assim, ampliar a vista e melhorar a iluminação, ela não resistiu a uma intervenção mais abrangente. Em 2019, pouco antes da pandemia, os trabalhos começaram. “Pedi ao engenheiro o mínimo possível de obstáculos para que o mar ficasse completamente visível”, conta o arquiteto. Ou seja, áreas fechadas deram lugar a janelas e guarda-corpos de vidro, que se aliaram aos elementos de madeira esculpida – a primorosa carpintaria realizada há 40 anos. Uma convidada da dona da casa chegou a se emocionar com o forro de lâminas entrelaçadas. “Uma obra-prima”, diz a moradora.

Após a reforma, a piscina se tornou protagonista. Antes rasa, ganhou profundidade e aquecimento. “Como a construção está na face sudeste, o vento é forte e ninguém conseguia ficar muito tempo na água. Agora dá para passar horas ali”, aponta Carolo. No nível do deque, 60 m acima do mar, o living funciona como um mirante. “Paro tudo para ver o Sol se pôr no horizonte”, conta a moradora. “A transparência é essencial. Faz com que eu me sinta dentro de um quadro vivo, com paisagens que mudam ao longo do dia.”

Durante a elaboração do projeto, o arquiteto mergulhou no modus operandi da morada. Chegou a se hospedar no local e a dormir em cada um dos três quartos com o objetivo de descobrir as melhores soluções para esses ambientes. “Penso em todas as atividades de quem vai habitar. Eu me interesso em saber o que a pessoa come, bebe e de que forma ela vive antes de começar a desenhar”, explica.

A fim de assegurar a durabilidade da decoração, o profissional escolheu os revestimentos como se fossem destinados a um barco: optou por materiais sintéticos e à prova da maresia. “Queria colocar linho e não consegui. Encontrei um tecido com fibra macia e tecnológica que suporta bem a umidade.” Boa parte das cortinas que havia antes – desnecessárias – foi dispensada, já que os terrenos vizinhos são de árvores altas e pertencem à proprietária. Quando é preciso, persianas automáticas escurecem os quartos. Pela manhã, basta acioná-las para ter a sensação de acordar sobre o mar. “A casa concentra tudo de que gosto: natureza, privacidade e vistas maravilhosas”, conclui a moradora.

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2022-11-04T07:00:00.0000000Z

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