Casa Vogue

Visão do infinito

NA REGIÃO DA PUGLIA, ITÁLIA, ÀS MARGENS DO MAR JÔNICO ,O ARQUITETO EUGENIO MINERVA TRANSFORMOU UMA ANTIGA RESIDÊNCIA DOS ANOS 1970 EM UM PROJETO VERTICALÍSSIMO, ONDE 75 M² TÊM ARES DE EMBARCAÇÃO E CONVIDAM A NAVEGAR PELA PAISAGEM COSTEIRA

TEXTO BENEDETTA ROSSI FOTOS ALESSANDRA IANNIELLO/LIVING INSIDE

Às margens do Mar Jônico, na Itália, o arquiteto Eugenio Minerva assina reforma em imóvel com ares de embarcação

“O ESTILO FOI SUGERIDO PELA LOCALIZAÇÃO, PELO CARÁTER MARINHO. A GEOMETRIA É DITADA PELO RELEVO E POR UMA INTEGRAÇÃO DE VOLUMES SIMPLES QUE CRIAM DIFERENTES AMBIENTES POR MEIO DE COMPRESSÕES E DESCOMPRESSÕES” EUGENIO MINERVA

Ooceano lá fora ecoa na alma. O cenário exterior, com as ondas do mar e a luz de verão, se ref lete nesta residência com ares marítimos, brisa salgada e vista para o Mar Jônico, numa Puglia arcaica e fascinante. Dotada de um verticalismo puro e geométrico, a Casa Porthole remete a um elemento náutico: um pequeno submarino que se transforma em lar luminoso, uma torre de vigia, um local para admirar as estrelas. Ali, o detalhe principal, responsável por seu nome, é uma gigantesca escotilha que funciona como porta, janela ou observatório do mundo, debruçando-se sobre um terraço que vislumbra além do horizonte azul.

O projeto é assinado pelo arquiteto local Eugenio Minerva, cuja intenção era homenagear a experiência completa de relaxar à beira-mar. Para onde quer que se olhe nesta casa, nota-se a linguagem de quem conhece intimamente as cores, os materiais e os acabamentos praianos, que exalam um suave perfume de férias. Neste encontro entre madeira, calcário, vidro, resina e cerâmica, as formas minimalistas, puras e etéreas dançam misturadas às geometrias precisas e confortáveis.

A construção que se vê hoje é resultado da renovação de um antigo imóvel da década de 1970 comandada pelo profissional. As transformações incluíram a remodelação dos interiores, inserção de novas aberturas e ampliação do segundo andar, que permitiu criar o quarto com a escotilha, detalhe inconfundível da residência. São 75 m² de área total, distribuídos em dois pavimentos tão compactos quanto bem resolvidos. No living integrado à sala de jantar, um volume elevado foi ditado pela topografia do terreno e acomoda a cozinha. Atrás dali, estende-se a escada branca iluminada por abertura zenital, que dá acesso à suíte e ao amplo terraço.

“A casa muda de acordo com o mar. Pelas luzes, pelos ref lexos, pelos sons que são percebidos. Muitas vezes, torna-se mais importante observar do que viver. É disso que eu gosto”, poetiza Eugenio. Ele também diz ter especial apreço por aquilo que chama de “materiais vivos”, a exemplo da ilha da cozinha, feita de um monólito de Travertino, ou dos armários de carvalho, que se espalham pelos ambientes.

Todo o repertório que inspirou a obra vem de longa data. “Quando criança, eu era fascinado pelo galpão de ferramentas de meu avô, Otello, um mestre de obras que gostava de criar maquetes com pedras. Sempre fui apaixonado pelo que ele fazia”, lembra. “Conforme fui crescendo, também comecei a me aventurar. Acredito que a paixão pela arquitetura nasceu em parte durante esses momentos de brincadeira.”

No jogo de luz e sombra dos interiores, Eugenio se apraz com as sensações que seu projeto desperta. “Na entrada, após imponente escadaria e porta em arco, chegamos à sala. Depois, a escada interna leva ao segundo andar, onde apreciamos a vista. Ao atravessar a escotilha, o verticalismo é retomado no terraço”, descreve ele. “Ali está a menor e mais marítima escada da casa, com degraus de ferro que permitem chegar ao topo. Dá vontade de subir cada vez mais alto para observar, como se fosse um farol costeiro.” ●

“QUERIA TRAZER A CULTURA DO MAR PARA DENTRO DA CASA E DIMINUIR AO MÁXIMO A DISTÂNCIA ENTRE ELES COM UMA GEOMETRIA ELEMENTAR” EUGENIO MINERVA

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2023-11-07T08:00:00.0000000Z

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