Casa Vogue

Casa nas árvores

A FLORESTA ABRAÇA COM GENEROSIDADE O PROJETO DE DAVID BASTOS NO GUARUJÁ, LITORAL DE SÃO PAULO. AO ACOMPANHAR A ALTURA DA VEGETAÇÃO, A CONSTRUÇÃO SE ABRE PARA O VERDE GRAÇAS AOS PAINÉIS DE VIDRO E MADEIRA

TEXTO LÚCIA GUROVITZ FOTOS FRAN PARENTE/DIVULGAÇÃO

O verde da Mata Atlântica abraça esta residência projetada por David Bastos no Guarujá, SP

“POSICIONEI A ÁREA SOCIAL NO ALTO DA CASA, ONDE ESTÁ A MELHOR VISTA, E TRABALHEI COM GRANDES PLANOS DE VIDRO. NA MINHA ARQUITETURA, O OLHAR VAZA AS PAREDES” DAVID BASTOS

CERCADA DE VERDE, A CASA FICA A APENAS 100 M DE DISTÂNCIA DA PRAIA. NO TOPO DA CONSTRUÇÃO, O SOLÁRIO ACOMODA UM LOUNGE QUE SERVE DE MIRANTE PARA O AZUL DO MAR

Ahistória deste refúgio começou há 15 anos: logo após o nascimento do terceiro filho, o casal de empresários Jacob e Verônica Cattan decidiu comprar um terreno na Praia de Iporanga, no Guarujá. “Já frequentávamos o condomínio e adorávamos a natureza da região”, conta Verônica. Para a família, na época com três crianças pequenas, o trajeto curto era uma vantagem – apenas 120 km separam o local e a capital paulista, onde moram. O nome do arquiteto a quem desejavam entregar o projeto, porém, estava guardado em memórias de lugares mais distantes. “Viajamos para Trancoso, na Bahia, diversas vezes e sabíamos que nossas construções favoritas no vilarejo eram assinadas por David Bastos”, diz a empresária. “Queríamos uma casa de fim de semana que reproduzisse aquele clima, com muita madeira e espaços ao mesmo tempo sofisticados e descontraídos”, completa. Quando o casal resolveu procurá-lo, o profissional baiano estava prestes a abrir seu escritório em São Paulo, o que facilitou ainda mais a aproximação.

David e os proprietários se entenderam bem logo de início, e essa harmonia foi fundamental para que todos encarassem com leveza e paciência o que viria a seguir: oito anos de espera até a aprovação do projeto na prefeitura. “Aconteceram mudanças de legislação no meio do caminho. David precisou refazer os desenhos em duas ou três ocasiões para atender a novas exigências que surgiram”, lembra Verônica. “Na hora em que finalmente obtivemos a licença para construir, ficamos muito felizes e a obra fluiu.” A essa altura, a ideia de buscar inspiração em Trancoso já havia sido substituída por outra proposta, menos rústica e mais adequada ao aclive do terreno e às restrições ambientais, que permitem ocupar somente um pequeno trecho do solo. “Segui o conceito de uma casa na árvore, dividida em patamares e inserida na mata, na qual você sobe em direção à vista”, explica o arquiteto. De baixo para cima, o térreo abriga a garagem; depois, no primeiro andar, ficam os acessos à escada e ao elevador, e, no segundo, cozinha, lavanderia e home theater. O pavimento seguinte engloba cinco suítes, quatro para a família (os filhos, hoje, têm 19, 18 e 15 anos) e uma para hóspedes, e, na sequência, vem a ala social, composta por living, piscina e cozinha gourmet externa, totalizando 660 m² de área construída. Um solário na cobertura arremata o projeto e oferece um lugar de contemplação. Mas não é necessário chegar até ele para se sentir em sintonia com a paisagem. “Como usei bastante vidro, a vegetação está presente na casa inteira”, pontua David.

Em alguns ambientes, a transparência é opcional, pois existe um jogo de esconde e revela proporcionado pelos muxarabis. “O andar dos quartos corria o risco de ficar devassado, uma vez que está visível para quem circula pelo condomínio”, diz o arquiteto. Nesse pavimento, assim como no de serviço, a estrutura instalada na fachada tem a parte inferior fixa, e a superior, retrátil, possibilitando abertura ampla. Além de trazer privacidade, esse elemento da arquitetura coloca a madeira em destaque – como sonhavam Jacob e Verônica. “Ele cria o efeito de camuf lagem na mata e aumenta a sensação de que a casa está integrada à natureza”, descreve David.

Quase no término da construção, que durou dois anos, a arquiteta Marina Salles entrou em cena para finalizar a decoração. “Escolhi um mobiliário que prioriza o conforto e a praticidade, feito de materiais resistentes e fáceis de manter”, afirma. Segundo ela, a intenção era deixar os proprietários à vontade para usar todos os espaços sem preocupação. “É uma família que gosta de estar junta e receber amigos, então distribuí os móveis de modo a favorecer o convívio”, explica. Verônica garante que deu certo. “A casa vive cheia”, comemora a proprietária. ●

“A PROXIMIDADE COM A NATUREZA RESPONDE POR GRANDE PARTE DO CHARME E DA BELEZA DA CASA. FORA ISSO, REALIZAMOS O OBJETIVO DE TER ESPAÇOS CONFORTÁVEIS, PRÁTICOS E QUE USAMOS DE VERDADE” VERÔNICA CATTAN

Contents

pt-br

2023-11-07T08:00:00.0000000Z

2023-11-07T08:00:00.0000000Z

https://casavogue.pressreader.com/article/282278145043502

Infoglobo Conumicacao e Participacoes S.A.